terça-feira, 19 de outubro de 2010

RELIGIÂO PROTESTANTE


O PROTESTANTISMO E AS IGREJAS DA REFORMA
(Sérgio Bradanini)
Origem e significado do termo

O uso do termo "protestante" pode indicar, numa primeira e superficial interpretação, os cristãos que se separaram da Igreja de Roma. Se, por um lado, isso pode sugerir uma conotação negativa, por outro, há todo um embasamento histórico que não pode ser desconsiderado.
Assim, "protestante" deriva de um fato histórico, isto é, da grande manifestação feita por alguns Estados e príncipes alemães, em 1529, em protesto contra decisões de caráter religioso, mas de motivação também política.
O termo ainda foi utilizado em referência aos movimentos reformadores que se seguiram. No entanto, procurando evitar a acentuação crítica contra a Igreja de Roma, muitos preferem empregar o termo "evangélico", certamente menos polêmico e que lembra uma das características positivas de todo o movimento reformador: a volta à mensagem evangélica original.
Muitas Igrejas surgidas desse movimento também se denominaram "Igrejas reformadas", evocando o propósito de uma permanente disponibilidade à conversão e à renovação.
Os principais acontecimentos
Em primeiro lugar, é preciso lembrar o fato de que o movimento evangélico da Reforma teve seu epicentro na Alemanha, com Lutero, e daí envolveu toda a Europa.
1.º No final de 1517, Lutero interveio contra os abusos relacionados com a venda das indulgências, publicando 95 teses sobre o assunto e que se difundiram rapidamente, suscitando um grande movimento de cunho nacionalista, tendo como alvo principal a cúria romana. A briga com Roma já vinha se arrastando,quando Lutero foi defendido pelo príncipe da Saxônia, Frederico o Sábio,na disputa, sem êxito, com o cardeal Caetano, em Augusta (1518). Após a disputa em Lípsia (1519), com o teólogo João Eck, o mais duro adversário de Lutero, evidenciou-se o abismo intransponível entre as duas posições a respeito da doutrina do papado e da Igreja. A ruptura foi selada em 1521, quando Lutero acabou sendo excomungado por Roma. O imperador Carlos V, que era o mais fiel e decidido defensor da Igreja católica, convidou Lutero a retratar-se diante dos príncipes, na Dieta de Worms(1521), mas ele se recusou. Assim, o movimento evangélico desencadeado ia crescendo e não podia mais ser reprimido. O imperador não pôde intervir, porque estava ocupado em outro lugar, defendendo-se das agressões da França e das invasões dos turcos.
A Igreja batista
O pastor anglicano inglês John Smyth (1570-1612) é considerado fundador das primeiras comunidades denominadas "batistas". Também ele queria uma reforma mais radical e não se conformava com a organização hierárquica da Igreja anglicana, isto é, com o fato de bispos e padres ocuparem os lugares de comando. Perseguido por suas idéias, teve que se refugiar na Holanda. Lá encontrou um padeiro menonita que o convenceu da não validade do batismo ministrado às crianças. Ele mesmo se batizou novamente e, voltando à Inglaterra, fundou a Igreja batista que, no século XVIII, estabeleceu-se sobretudo nos Estados Unidos, espalhando-se, em seguida, pelo resto do mundo.
Características típicas dessa religiosidade viva, que constantemente apela para uma decisão e um compromisso pessoal, são:
  • batismo dos fiéis como testemunho de fé e sinal da graça divina;
  • sacerdócio universal dos fiéis, sem qualquer distinção entre pastores e leigos;
  • estrutura eclesial que afirma a autonomia da comunidade local;
  • negação de todo ritualismo, para deixar espaço à religiosidade espontânea e individual.
ConclusãoA partir da intuição e do desejo de reforma e de renovação do cristianismo e da Igreja, surgiram muitas Igrejas cristãs e novos movimentos religiosos, com diversas e diferentes confissões de fé. O luteranismo, o calvinismo e o anglicanismo foram as principais Igrejas dentro de um movimento complexo e diversificado.
Para a Igreja católica, tudo isso representou uma das mais amargas experiências de sua história. A Europa setentrional, de cultura germânica, e muitas outras regiões européias separaram-se da antiga Igreja. Nas Igrejas territoriais evangélicas, foi suprimido todo elemento católico. Houve muita desconfiança, luta, incompreensão entre as Igrejas cristãs e só mais tarde, a partir do movimento filosófico chamado Iluminismo, abriu-se o caminho da tolerância recíproca entre elas.
Aos poucos, percebeu-se também que é preciso algo mais que a simples tolerância. Neste século, diante da constatação da existência de várias Igrejas que querem ser cristãs, começou a surgir esta preocupação: como eliminar as barreiras e os preconceitos para chegar a uma convivência pacífica e até a uma verdadeira amizade entre os cristãos? Já no século passado, na Europa, com o movimento de Oxford buscava-se a união das Igrejas. E no começo deste século, as igrejas de tradição evangélica deram início ao movimento ecumênico que as levou, mais tarde, a fundar o Conselho Mundial de Igrejas.

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